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quarta-feira

Melhorando a sua redação


Redigir, para muitas pessoas, costuma ser um bicho de sete cabeças. Mas não será tão ameaçador assim, se você estiver por dentro de alguns pequenos segredos. Pensando nisso, e com base nos problemas que percebo em alguns clientes que me procuram para revisar seus textos, resolvi fornecer aqui algumas dicas básicas, que poderão ser úteis. Vamos lá:

1)   Para começar, se você (ainda) não é um expert na Língua Portuguesa, esqueça os preciosismos e as palavras difíceis. O uso de termos rebuscados, sem bom conhecimento da sintaxe, e da real aplicação das palavras pode tornar o texto confuso. Procure a objetividade e a clareza da escrita, sem se preocupar com os requintes vocabulares. Isso vem com o tempo (e com leituras contínuas, claro).

2)   Evite parágrafos muito extensos, se não domina as técnicas discursivas. Eles podem confundir e cansar o leitor, ou pior: você pode perder o 'fio da meada'. Eu, por exemplo, raramente faço uso da conjunção "pois"para dar continuidade a uma frase. Em seu lugar coloco um ponto, encerrando a primeira oração, e parto para a frase seguinte.

3) Nem sempre é possível evitar erros, já que temos um idioma deveras complexo. Eles são frequentes em quem não tem o hábito de escrever. Listo abaixo os erros que mais costumo detectar em meus trabalhos de revisão. Fique atento. São eles:

  • O emprego do 'porque' (sobre este assunto, ver post seguinte);

  • O emprego do verbo haver.
Exemplos:
- Errado: Isso nao tem nada haver - correto: Isso não tem nada a ver;
- Errado: Haviam muitas crianças no parque - correto:  Havia muitas crianças no parque -   Nota: verbo 'haver', no sentido de 'existir', não varia.
  • Vírgula entre sujeito e verbo: constitui erro crasso (e muito comum, infelizmente) colocar vírgula entre sujeito e verbo. Não incorram nesse erro.
  • Uso da ênclise após o pronome relativo "que". Este "que" funciona como partícula atrativa do pronome pessoal.
Exemplo:
- Errado: Admirava as fortes ondas que multiplicavam-se cada vez mais.; correto: Admirava das fortes ondas que se multiplicavam cada vez mais.

  • Muitas vezes, até por distração, troca-se o "mas" (conjunção) pelo "mais" (advérbio). Seria bom prestar atenção nisso. Deparo-me frequentemente com este erro. A grafia é realmente parecida, bem como a fonética, "mas", definitivamente, são palavras com funções bastante diferentes.

  • O "mal" e o "mau".  Na dúvida, basta lembrar que "mal" é antônimo de "bem" e que "mau" é antônimo de "bom".
4)   Evite a repetição de palavras dentro de um mesmo parágrafo. Repetições não são bem-vindas, a menos que estejam atuando como recurso poético. Elas comprometem a estética. Recorra ao dicionário e procure os sinônimos mais adequados, se for o caso.

5)  Observe sempre a regência, a concordância. Releia o texto e veja que sujeitos concordam com os verbos, se as regências verbais e nominais estão corretas, se os adjetivos estão flexionados corretamente.

6)  Caso precise fazer um texto mais formal, evite termos corriqueiros ou a linguagem muito coloquial. Tente substituir, por exemplo, 'fazer' por 'realizar', 'estar' por 'permanecer', ficar por 'tornar'. Também evite o uso abusivo de pronomes e artigos. Se um pronome puder ser omitido, omita-o (Nós fomos até lá --> Fomos até lá). O mesmo é válido para o excesso de artigos, definidos ou indefinidos.

7)  Nunca se desvie da ideia original. Não divague, não tergiverse. É importante que um parágrafo seja bem articulado ao próximo, assim como as ideias. Tudo precisa fazer sentido. Frases soltas, por mais interessantes que sejam, podem complicar e confundir.

Há ainda muitas outras dúvidas (as quais pretendo abordar aqui mais adiante) que, infelizmente, não deixarão de perturbar. Minha sugestão para que elas se dissipem ou se reduzam é ler. Ler o máximo possível. Quem lê, por força do hábito, acaba sempre escrevendo de maneira clara e correta, com riqueza vocabular.

Leia, leia sempre! Ainda que seja um jornal.

terça-feira

Porque, por que, porquê, por quê?



Você fica com dúvidas toda vez que decide usar um dos porquês? Bom, você não é o único! A verdade é que cada porquê tem um sentido diferente e é por esse motivo que necessitam de serem diferenciados! Vejamos como fica o porquê:


  • Quando puder substituir por uma vez que, já que, visto que, pois ou para que, ou seja, por conjunções causais, explicativa ou final, será escrito junto e sem acento: porque.

a) Ela não gosta de viajar de ônibus porque demora demais! (visto que, uma vez que)
b) Não vá de ônibus, porque demorará demais! (pois)
c) É preciso que você não vá de ônibus porque, dessa forma, chegue a tempo! (para que)

  • Quando for substantivo e/ou houver um artigo (o, os, um, uns) antecedendo, será escrito junto e com acento: porquê. Nesse caso, seus substitutos são as palavras: motivo, razão, causa.

a) O porquê de estarmos aqui é que faremos reunião a respeito das férias de dezembro.
b) Dê-me um porquê para continuar a ajudá-lo!
c) Agora, estudaremos o uso dos porquês.

  • Nas orações interrogativas diretas, ou melhor, nas perguntas, use separado e sem acento: por que.

a) Por que você não veio ontem?
b) Então, por que não podemos ir?

  • Da mesma forma, quando a oração for afirmativa e puder ser substituído por “pela qual”, pelo qual, pelas quais, pelos quais ou quando a palavra “razão” estiver subentendida, use dessa forma: por que.

a) Este é o motivo por que não mantemos nossas prioridades. (pelo qual)
b) Não entendi por que estamos tão ansiosos, pois de nada adianta! (por que razão)

  • O acento irá incidir sobre a forma “por que” (por quê) quando este vier ao final de alguma frase ou antes de pausas, ou seja, vírgulas:
a) Não sabia por quê, mas estava muito esperançoso! (por qual razão)
b) Você não foi ao cinema, por quê? (por qual motivo)
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segunda-feira

Quando usar as Maiúsculas



Há línguas que exageram no emprego da inicial maiúscula. O alemão, por exemplo, chega a iniciar todos os substantivos com letra maiúscula. No português as últimas normas são de 1943. Há usuários que economizam as maiúsculas e outros abusam de seu uso. Os grandes jornais possuem seus manuais de redação como referência, que nem sempre acatam o sistema quando o assunto é a letra maiúscula.

Os pronomes de tratamento devem ser grafados com maiúscula, como: Vossa Excelência, Vossa Senhoria. Isto herdamos da tradição de tratar as autoridades com respeito e, às vezes, subserviência.

Toda citação entre aspas deve iniciar com maiúscula, mesmo que ela não venha depois de dois pontos.
Exemplo: Quando escreve que "O mistério é o encanto da vida.", Machado de Assis estava definindo o seu processo criador. Isso não acontece se a frase for reproduzida pela metade, como: "... é o encanto da vida."

Nomes de meses não devem ter a inicial maiúscula.
Exemplo: No mês de junho, as bombinhas começam a estourar nas escolas.

Falar que os nomes próprios iniciam com letra maiúscula é dizer o óbvio, mas como o óbvio às vezes precisa ser dito, vamos lá.

a) nomes de pessoas, incluindo alcunhas.
Exemplos: O sonho de Alexandre, o Grande, era dominar o mundo.

b) Nomes de entidades sagradas, religiosas, mitológicas.
Exemplos: Deus, Alá, Jeová, Tupã, Júpiter, Espírito Santo, Nossa Senhora.
É tradição religiosa usar maiúscula inicial nos pronomes referentes a Deus e a Maria.
Exemplos: A Ele rogamos e nEle confiamos.
A Ti (ou a Vós, a Ela) recorremos.

c) Nomes de lugares (países, cidades), regiões geográficas, topônimos (mares, rios, lagos, montanhas); linhas geográficas imaginárias; logradouros públicos.
Exemplos: O Ocidente e o Oriente devem lugar por uma coexistência pacífica.
Rua Marechal Deodoro é a mais tradicional da cidade.
Adriano da Gama Kury recomenda que os nomes comuns que acompanham os nomes próprios de acidentes geográficos escrevem-se com minúsculas: o canal do Panamá, a ilha da Madeira, o rio Amazonas. Não é o caso de logradouros públicos: Praça Rui Barbosa.

d) Nomes de astros, em sentido amplo.
Exemplos: O Sol, estrela de 5ª grandeze, pertence à galáxia da Via Láctea..."
Quando usados fora do contexto astronômico, Sol e Lua se escrevem com minúsculas: banho de sol, namorar à luz da lua.

e) Nomes de eras e períodos históricos, épocas e eventos notáveis.
Exemplos: Idade Média, Renascimento, Proclamação da República.
Adriano Gama Kury defende que neste item devem incluir-se os nomes de movimentos estéticos, filosóficos, políticos, doutrinários.
Exemplos: Classismo, Romantismo, Nazismo, Fascismo, Marxismo, Contra-Reforma.

f) Títulos de livros, jornais, revistas e produções que tradicionalmente se escrevem em tipo diferente, o grifo. Exemplos:
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Folha da Região, A Adoração dos Magos (quadro de Leonardo da Vinci).
A Biblioteconomia, defendendo a uniformidade nas várias línguas, mas contrariando a ortografia oficial, recomenda que somente a primeira letra do nome da obra seja maiúscula. Exemplo: Memórias póstumas de Brás Cubas, Para falar e escrever melhor o português.

g) Nomes de instituições públicas e privadas, agremiações, partidos políticos e congêneres.
Exemplos: Ministério a Educação, Partido Popular Brasileiro, Editora Nova Fronteira, Academia Araçatubense de Letras, Diciose de Araçatuba.

h) Altos conceitos religiosos, nacionais e políticos.
Exemplos: a Igreja, a Pátria, a Nação, o Estado, a Democracia, o Exército, a Marinha, a Aeronáutica, a República.
Quando usados em sentido geral ou indeterminado, esses nomes se escrevem com inicial minúscula.
Exemplos: Costa Rica, pequena república da América Central...

i)Nomes de "artes, ciências ou disciplinas, bem como os que sentetizam em sentido elevado, as manifestações do engenho e do saber".
Exemplos: Astronomia, Português, Educação Artística, Medicina, Letras.
Os nomes de idiomas devem ser escritos com inicial minúscula. Se "português" for o nome da disciplina do currículo escolar, a inicial deve ser maiúscula.

j) Nomes de festas religiosas.
Exemplos: Páscoa, Quaresma, Natal.

l) Substantivos comuns personificados e seres morais e fictícios.
Exemplos: o Amor, a Capital, o Lobo e o Cordeiro, a Cidade.

m) Nas expressões de tratamento e reverência, inclusive quando abreviadas, e nos títulos que as acompanham.
Exemplos: Sr. Diretor, MM. Juiz de Direito, S. Exª o Ministro da Cultura.

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Fonte:  http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=tira_duvidas/docs/tira-duvidasm

Fui eu que / Foi eu quem?


É uma dúvida muito comum essa do emprego do "que" e do "quem" em concordância com os verbos "ser" e "fazer". Exemplo:

"Foi ela que fez" ou "Foi ela quem fez".
"Fui eu quem fiz" ou "Fui eu quem fez".
"Foi eu que fiz" ou "Foi eu quem fiz”.

Vamos ver o que os especialistas nos dizem.

Há duas boas maneiras de construir esse tipo de frase:

1. Usa-se QUE e o verbo concorda com o sujeito antecedente:

. Fui eu que fiz e paguei a aposta.
. Foi ela que me acusou.
. Foi José que se matriculou, e não seu irmão.
. Foi você que prometeu e não cumpriu. Ou foi o governo federal?
. Fomos nós que agüentamos a onda.
. Foram eles que atrasaram a obra.
. Foram apenas as meninas que se machucaram.

2. Usa-se QUEM e o verbo fica na terceira pessoa do singular:

. Fui eu quem fez e pagou a aposta.
. Foi ela quem me acusou.
. Foi José quem se matriculou, e não seu irmão.
. Foi você quem prometeu e não cumpriu. Ou foi o governo federal?
. Fomos nós quem agüentou a onda.
. Foram eles quem atrasou a obra.
. Foram apenas as meninas quem se machucou.


As primeiras frases são, de fato, mais agradáveis ao ouvido. Talvez por isso sejam mais comuns do que as segundas, principalmente quando o sujeito está no plural. Isto é, “foram elas que se machucaram” soa melhor do que “foram elas quem se machucou”.

Existem alguns livros dedicados a ensinar português que afirmam ser correta também uma terceira forma, qual seja, a frase com “quem” e o verbo concordando com o sujeito antecedente, por exemplo: “Fui eu quem fiz, fomos nós quem fizemos”. A autora Maria Tereza de Queiroz Piecentini, entre outros, discorda. Acreditam ter havido algum tipo de lapso, uma vez que nunca ouvimos os brasileiros falarem assim. Nesse ponto, ela concorda com Napoleão Mendes de Almeida, que diz textualmente (Dicionário de Questões Vernáculas, 1981, p. 256): “Quando tem por antecedente um pronome pessoal reto, o ‘que’ pode vir substituído por ‘quem’, o que nos obriga a levar o verbo para a terceira pessoa do singular: Somos nós quem paga – Sou eu quem vai – Fui eu quem abriu esta polêmica – Eu e V. Exa. somos quem vende – És tu quem favorece a minha resolução”.

Por fim, é bom observar que em qualquer dos casos o verbo ‘ser’ que inicia a oração faz a concordância com o sujeito a quem ele se refere. É por isso que às vezes se usa FUI [concorda com EU] e às vezes FOI [concorda com ELE/ELA/VOCÊ], assim como se usa FOMOS e FORAM respectivamente para a primeira e a terceira pessoa do plural.

Naturalmente, o mesmo tipo de frase pode ser empregado no tempo presente ou no futuro, como vemos abaixo:

. Hoje sou eu que pago.
. Hoje sou eu quem paga.
. É ela que sempre me aborrece.
. É José quem se diz bem-sucedido, e não o irmão.
. Somos nós quem agüenta a onda.
. Somos nós dois que temos de resolver o impasse.
. São eles que costumam atrasar as obras.
. Em geral são as meninas que se ferem.
. É você quem receberá o prêmio, pode ter certeza.
. Sou eu que darei a festa.


Fonte:
Baseado no artigo de Maria Tereza de Queiroz Piacentini - Diretora do Instituto Euclides da Cunha e autora dos livros "Só Vírgula", "Só Palavras Compostas" e "Língua Brasil - Crase, pronomes & curiosidades" - http://www.linguabrasil.com.br/

Crase com horas - À uma hora -Marcado para as 12 horas - Até a/ à

(artigo de M. T. Piacentini)

Crase com horas
Na maioria absoluta dos casos coloca-se o acento indicativo de crase diante das horas, isto é, escreve-se às na indicação de determinado horário:
Os bancos abrem às 10 horas.Às 21h30 começará a ser servido o jantar.O enlace matrimonial se realizará às dezoito horas do dia vinte de maio.Precisamente às 20h43min teve início o espetáculo.

À uma hora
Sabe-se que não existe crase diante de artigo indefinido, como em:Falou a uma multidão.Entreguei o papel a uma das secretárias.
A revisão do passado não é tarefa restrita a uma nação arrependida.
No caso de ‘uma hora’, todavia, o à precedente configura uma crase porque aí se trata não do artigo indefinido mas do numeral ‘uma’, que acompanha e determina a primeira hora como o fazem os numerais até 24 [as duas horas, as três horas etc.]. Portanto:
O eclipse da Lua poderá ser apreciado melhor à uma hora da madrugada.

Marcado para as 12 horas
Sendo a crase a fusão da preposição a com o artigo a, não se poderá acentuar o ‘as’ das horas quando se empregar outra preposição no lugar do ‘a’. São quatro as possibilidades: para, desde, após e entre. Com elas é proibido usar o ‘as’ craseado, para que não haja uma superposição de preposições. Exemplos:
A conferência foi marcada para as 10 horas da noite.
Desde as duas estou te esperando!Não atendemos após as 18 h de sábado.A Celesc avisa que faltará luz na Serrinha entre as 20 h e as 22h.
Reafirmando: este ‘as’ não leva crase porque é puro artigo. No último exemplo pode-se verificar mais claramente tratar-se de artigo ao se trocar ‘as 20 h’ por um horário do gênero masculino: "A Celesc avisa que faltará luz na Serrinha entre o meio-dia e as 22 h".

Até as/às 23 h
Os portões permanecerão abertos até as 23 horas.Os portões permanecerão abertos até às 23 horas.
Embora tenhamos dito acima que a crase é proibida depois de uma preposição, é possível - embora desnecessário - usá-la junto com ‘até’ na frente da hora. Ocorre que a preposição ‘até’, excepcionalmente e por motivo de clareza, pode ser seguida da preposição ‘a’. Sendo assim, escrever até as 23 h ou até às 23 h é indiferente, porque neste caso não há o perigo de confusão com a "partícula inclusiva" (ver abaixo).

Até a / à
A partir do séc. XVII começou-se a usar as preposições ‘até’ e ‘a’ combinadas para dar maior clareza ao pensamento, uma vez que ‘até’ tem igualmente o sentido de inclusão ("mesmo, inclusive, ainda, também"). Mudança de significado pode ocorrer em frases do tipo
(1) Queimou todo o cabelo até a raiz - inclusive a raiz;(2) Queimou todo o cabelo até à raiz - até junto à raiz. (3) Rabiscou tudo até a porta - a porta também; (4) Rabiscou tudo até à porta - dá a noção de limite: parou na porta.
Naturalmente nas frases 1 e 3 a ambigüidade poderia ser evitada com uma vírgula: Queimou todo o cabelo, até a raiz; Rabiscou tudo, até a porta.

domingo

"O moral" ou "a moral"?

Moral

O moral: substantivo masculino, significa coragem, estado de espírito. Exemplo: O moral de cada homem deve ser preservado.

A moral: substantivo feminino, significa conclusão moral que se tira de um fato. Exemplo: A moral da história teve excelente repercussão.